Nos últimos quase 5 anos, tenho vivido numa casa com lareira. Sempre gostei imenso de ver uma lareira na sala, e mais ainda de sentir a sua companhia nos dias frios de Inverno. Contudo, durante todos estes anos nesta casa, apenas acendemos a lareira duas ou três vezes, e acabámos por desistir, pois revelou-se inútil nos seus propósitos.
Qual a utilidade de uma lareira apagada? Ela esteve sempre lá, imponente, ocupando um bom espaço da nossa sala, condicionando a decoração e a disposição dos móveis, mas apagada…
A razão de não usarmos esta lareira é óbvia: gastava imensa lenha e não aquecia o espaço, pois não tinha recuperador de calor. Colocávamos a lenha, e o fogo devorava a madeira antes que pudéssemos sentir o ambiente acolhedor do seu calor. Só nos aquecia se nos colocássemos quase dentro dela.
Bem, perante estas razões e aproveitando o facto de a casa estar a ser remodelada, decidimos destruir a lareira e colocar uma salamandra no seu lugar, aliás noutro lugar da sala, mais estratégico.
Durante quase 5 anos olhei para esta lareira, frustrada, porque, apesar de gostar de ter lareira, esta especificamente não me dava o que eu precisava. Algo que me podia ser muito útil, estava a ser um verdadeiro estorvo.
Dei comigo a pensar na lareira, e imediatamente veio um versículo à minha mente: “Aviva, Senhor a Tua obra, no decorrer dos anos…”. Encontra-se no livro do Profeta Habacuque 3:2. Quantas vezes tentámos acender a lareira e avivar o fogo de forma a que nos aquecesse, mas sem êxito. Sim, o fogo ateava e queimava a lenha muito rapidamente, mas não havia combustível que aguentasse um serão em família.
Sabemos que, na Palavra de Deus, o fogo é um símbolo do Espírito Santo. O Espírito Santo é uma Pessoa, é Deus, como o Pai e o Filho. E da mesma forma que uma lareira tem de ser bem construída para acolher e manter o fogo aceso durante várias horas de forma consistente, assim também nós fomos criados para acolher e manter aceso o fogo do Espírito Santos nas nossas vidas. De que serve sermos ateados esporadicamente, se logo o fogo se apaga por falta de combustível?
A oração do profeta revela um desejo ardente e urgente de ver em operação o trabalho de Deus na sua vida e na vida do seu povo, do povo que ele representava diante de Deus. Mas não um trabalho pontual, fugaz, limitado. O profeta desejava que algo mudasse de forma radical. Num mundo longe de Deus, desobediente à Suas Leis, ignorante da Sua misericórdia, Habacuque faz esta oração depois de ouvir da parte de Deus algumas declarações que o despertaram.
E o que isso tem a ver connosco? Muito! Tudo! Também eu me vejo a viver num mundo longe de Deus, tantas lareiras aparentemente úteis, mas apagadas. Mas há esperança. Podemos ser mais do que lareiras sem calor; podemos dar ouvidos ao Espírito Santo, o fogo de Deus que deseja arder em nós, tornar-nos úteis enquanto aquecemos outros, e o ambiente à nossa volta, não de forma pontual, mas de forma consistente; não de vez em quando, mas a cada dia.
Mas como fazer isto? O Espírito Santo habita em nós desde o dia em que convidamos Jesus, o Filho, para ser o nosso Senhor e Salvador, Aquele que nos pode perdoar os pecados. Depois é nutrir um relacionamento íntimo com Deus, o Pai. Passa por entregar-Lhe todas as áreas da nossa vida e ficarmos completamente rendidos a Ele. Aí, o Espírito Santo encontra liberdade para atear o Seu fogo em nós. Ao contrário de uma lareira, cuja lenha eventualmente acaba, o Espírito Santo jamais se extingue; o Seu poder é ilimitado. Primeiro, Ele transforma a nossa vida, queima o que não presta, e depois Ele aviva em nós a Sua obra, para que outros ao nosso redor sejam também ateados pelo seu fogo, pelo Seu poder!
E neste tempo de incertezas, e medos, que o fogo do Espírito Santo te dê coragem, ousadia e virtude para acenderes outras vidas com este calor de Deus. No ano de 2020 não pudemos, como igreja, levar a cabo as muitas atividades normais: conferências, retiros, cultos de avivamento… Eram momentos em que muitos eram cheios, avivados, as suas baterias recarregadas. Mas sem esses momentos, como manter o fogo do Espírito Santo em nós? Entramos na mesmice da rotina dos cultos, sem nada que nos ateie? Não! Este é o tempo de clamarmos a Deus: Aviva, Senhor a Tua Obra! Aviva o desejo de Te conhecer, ó Deus! Aviva o meu amor pelos outros, ó Deus! Aviva-me…
Afinal, a minha lareira teve uma utilidade: ela foi objeto desta parábola para me despertar e orar como Habacuque: “Aviva, Senhor a Tua Obra, do decorrer dos anos…”